favorite Crime ( fanfic ChaMel) - capítulo 3
Melfronck
No dia seguinte à minha pequena fuga fui acordada por Rodrigo me observando, os dedos passavam suavemente em meu cabelo bagunçado. Um beijo suave é deixado em minha testa quando percebe que despertei.
Soube bem ali que não seria fácil convencê-lo de não viajar, a culpa embrulha meu estômago vazio. Ele espalha beijos por todo meu rosto até chegar à boca, que sinto secar no mesmo instante. Esforço-me para retribuir com a mesma intensidade, seguro seu rosto entre mãos passando os dedos pela barba grisalha, como sempre costumo fazer, seus lábios se movem lentamente sobre os meus por incontáveis minutos. Meu coração se despedaça conforme sinto seu toque, os dedos vagam por dentro da camisola de seda, me afasto rapidamente como se tivesse sido picada por um animal veneno.
— E-eeu preciso te contar uma coisa… – segurei suas mãos e o encarei. Fiquei perdida naqueles olhos pequenos escuros que sempre me enxergaram com tanto amor. Eu não sei se suporto perder isso por uma mentira tão insignificante. Mas, ele precisava saber a verdade, aquele maldito segredo dia após dia estava criando uma barreira entre nós.
— Estou te escutando…
— Eu não espero que você me perdoe, porque reconheço não merecer nenhum perdão. – minha voz quase não saia, meus olhos marejaram e eu muito raramente choro.
— Mel? Está nervosa com o início das gravações? Vou estar com você, a equipe inteira confia em você, tomarão todos os cuidados possíveis, se está preocupada com a Nine, sabe que não precisa, eu e sua mãe cuidaremos dela enquanto estiver fora, não há o que temer. – Beijou meus cabelos, encostei a cabeça em seu ombro sem conseguir proferir nenhuma palavra.
Passos rápidos e sons da borracha da sandálinha denunciam a entrada de uma agitada Nine no quarto.
— Mamãe, você tá chorando? – Pulou na cama e se agarrou em meu pescoço com toda força que seus braços pequenos tinham. – Você tá com medo? Eu te protejo dos monstros.
— Não, meu amor, a mamãe só ficou um pouquinho nervosa.
— E se eu te abraçar até você ficar calma igual faz comigo? – Ofereceu, beijando minha bochecha molhada pelas lágrimas.
— Eu também acho que a sua mãe está precisando mesmo de muito carinho, filha.
Então eu fiquei ali sendo esmagada de amor pela minha família e esqueci de todo restante do mundo.
No decorrer da semana, me ocupei decorando o roteiro que havia escrito, provado o figurino enviado pela Mari e focando minha atenção em Nine, que se grudou em mim, pressentindo o tempo que ficaríamos separadas enquanto estivesse gravando.
Minha filha estava sentada na grama do jardim, os cabelos loiros lisos sujos de tinta roxa e seu típico sorriso sapeca nos lábios largos como os meus e os olhos pequenos e curiosos como os do pai. Eu estava distraída a observando quando o meu celular vibrou, era uma chamada de Chay, Nine viu a foto dele mesmo de longe e comentou:
— Quando o tio vem me ver? Eu tenho que fazer um desenho bem legal de presente, eu também quero mostrar as massinhas novas pra Maria. Pede pra ele trazer ela aqui, por favorzinho, mamãe?
Acontece que as vezes, Chay fazia questão de conversar com Nine por vídeo chamada e ela simplesmente o adorava e desenvolveu também um carinho por Maria, embora as duas nunca tivessem brincado juntas pessoalmente, por causa da pandemia e nossas agendas que nunca batiam.
— Eu não sei, meu amor, prometo que vamos tentar marcar, ok?
Se esse encontro ocorresse antes de tudo acontecer entre nós, eu não teria receio de recebê-lo aqui, mas agora não sei se conseguiria estar no mesmo cômodo que Chay e Rodrigo estivessem sem perder um pouquinho mais da minha sanidade mental.
Porém, promessa é promessa e agora eu vou ter que cumprir, detesto decepcionar a minha filha.
Aproveitei a mensagem para avisá-lo de desistir de seus planos de ir ao Glamping do RS, com toda a correria dos últimos dias e a tentativa falha de ignora-lo, eu tinha esquecido completamente de tentar convencer Rod de não ir à viagem, porque não quero preocupar ainda mais o meu marido e em partes, porque não estava disposta para encontrar Chay de novo, porém, ele não precisava saber disso.
No dia seguinte, porém, logo pela tarde depois de desembarcar em Porto Alegre, percebo que meus avisos foram em vão, Chay já estava aqui e num quarto a menos de um metro de distância do meu e passou boa parte do tempo fazendo drama e me tendo por meio de mensagens, eu só podia ter jogado pedra na cruz pra merecer isso.
Fez alguns takes para os vídeos pelas dependências do hotel com o Márcio assim que chegamos até anoitecer, a equipe inteira resolveu se reunir pra jantar. Ficamos conversando até por volta das 23h30, quando entramos no quarto filmei um stories pro Instagram, como Edu pediu, coloquei um biquíni e entrei na jacuzzi sozinha, para o meu completo azar, Rodrigo tinha pego um resfriado por causa da mudança brusca de temperatura, estava deitado na cama prestes a cair no sono, afundei na água quente, me recordando da promessa que fiz ao Chay, mas ia fazer mais do mandar uma simples foto, ia ficar com ele como pediu.
É, parece que eu não gostava de decepcionar o meu amigo, jamais conseguiria me referir a ele como um amante, não era isso que ele era. Depois de me certificar de que Rodrigo tinha realmente dormido, vesti o roupão e atravessei o corredor batendo na porta do quarto da frente.
Assim que ele abriu a porta, o empurrei contra a parede o beijando com intensidade, por longos minutos suas mãos passeando todo meu corpo com firmeza me fizeram parar noutra órbita.
— Sabia que você não resistiria por muito tempo – murmurou contra minha boca.
— Você me enlouquece! – me afastei um pouquinho para tirar o roupão
— Nossos sentimentos são mútuos – retrucou, retomando o beijo que tínhamos parado.
Entrelacei as pernas ao redor de seu quadril e ele me levou até a banheira aquecida.
O restante da noite se resumiu em sua boca deixando marcas leves por todo o corpo, toques que eletrizam até a alma.
— A espera realmente edifica o homem. – Meia hora depois, estamos molhados, suados e satisfeitos deitados na cama, ele me encara com seu sorriso cínico enquanto fala.
— É por isso que eu sempre digo para ser paciente. – passo a língua lentamente em seu pescoço, o provocando.
— Preciso te escutar mais vezes.
Olho para o relógio e vejo que falta pouco para uma da manhã, tenho um passeio de balão marcado para o nascer do sol e ainda não tinha dormido nada.
— Então, você não vai tentar me impedir de sair daqui agora, vai? – me afasto, já me levantando para vestir o biquíni novamente, por sorte, ele não tinha rasgado.
— Fica mais um pouquinho, por favor! – me puxou de volta pra ele, capturando meus lábios em um selinho demorado
— Eu tenho que ir dormir!! Estou aqui à trabalho, esqueceu? – levantei de novo
— Dorme comigo, ué
— Eu deixei o figurino no meu quarto, desculpa. Nos vemos, à noite, eu prometo! – corro pra porta já saindo por ela.
Faço uma nota mental antes de deitar para dormir: parar de fazer promessas que não devem ser cumpridas.
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