Capítulo 17 - Favorite Crime

 Mel 🐝

 

Justamente quando estava pensando em pôr meus escritos no mundo, meu assessor me avisa sobre ter recebido um email de uma fã pedindo para que eu escrevesse o prefácio de seu livro de poesias, faço uma ideia de quem possa ter sido e digo que aceito, mas que ele podia responder até que eu tivesse lido o livro e escrito o texto tão desejado por ela. 

Mais tarde naquele mesmo dia, recebi uma mensagem de Nara no direct do Instagram, falando sobre o tal email enviado e também sobre como a inspirei a escrever seu livro. Fico lisonjeada de ser um caminho para ela encontrar suas palavras e sonhos, mas ao mesmo tempo, me assusta, aquela guria conseguia ser intensa demais e sensível também, eu tinha medo de não conseguir  suprir suas expectativas e acabar frustrando-a e fazendo com que desistisse daquilo. Então, apenas visualizei a mensagem para não alimentar falsas esperanças. 

 Conforme lia os textos, que devo admitir eram bem curtos, mas também cheios de sensações distintas, fui escrevendo o texto de abertura prestando atenção em cada emoção que me atingia, mas nada parecia bom o suficiente. Quando acho que estou superando o perfeccionismo, ele me ataca novamente.  

O meu tempo resumia a quatro coisas: cuidar de Cristal e Nina, tentar rascunhar o texto e ficar pensando em quando Rodrigo voltaria e qual foi sua decisão.

Até que em uma madrugada de domingo, eu ainda tentava escrever o bendito prefácio, quando escutei a campainha tocar, eu corri para porta com coração martelando nos ouvidos, as mãos suavam escorregando na maçaneta quando a abri e me deparei com os olhos pequenos que eu tanto amava, sua barba havia crescido desde a última vez que o vi, passei os dedos pelo seu rosto para me convencer que ele estava ali, finalmente. 

Nem mesmo o perfume amadeirado invadindo minhas narinas foi o suficiente, Rodrigo me envolveu em um abraço apertado e em seguida, me beijou de um jeito intenso e desesperado. 

Enquanto sua língua invadia minha boca, suas mãos passeavam por cada parte exposta do meu corpo, então me dei conta do quanto senti falta do seu toque, da sua presença. 

— É bom ter você de volta, senti mais saudades do que achei ser possível, amore – Sussurrei contra seus lábios. 

— Não mais do que eu, meu girassol, eu quero permanecer ao seu lado e mais do que isso, quero que você seja feliz. – ele parecia calmo demais e decidido também. 

Naquela noite, eu me entreguei sem arrependimentos e sem pensar em qualquer outra pessoa. 

— Vamos voltar ao combinado de sempre viajarmos juntos? Senti muita saudade de você, das nossas filhas. Foi difícil chegar no apartamento depois das gravações e não ser recebido por você ou acabar esbarrando em algum brinquedo que Nine deixou espalhado por aí e a incerteza sobre a nossa relação não facilitou muito. – um riso triste escapou de sua garganta. 

 Me surpreendi por dois fatores, o primeiro é que ele disse " nossas filhas " como se Cristal fosse sua filha também, o que significa que Rodrigo a considera independente do resultado daquele exame e, segundo, porque era a primeira vez que ele expressava alguma insegurança em relação à nós em todos esses meses. 

— Eu sei, desculpa, mas, eu só queria evitar que fôssemos flagrados com Cristal em algum aeroporto, ninguém que não seja próximo sabe da existência dela e prefiro que continue assim, pelo menos, por enquanto. – Suspiro. 

— O máximo que pode acontecer são matérias sensacionalistas afirmando que tivemos uma segunda filha " em segredo " até acharem outra futilidade para comentar e esquecer o assunto. Vamos preserva-la, como sempre fizemos com Nine, vai dar certo, prometo. – garantiu, brincando com a aliança em meu dedo. 

— Tem razão, é assustador pensar em Cristal exposta por aí ou se por algum descuido notam a semelhança dela com o Chay, seria um caos! 

— O que ele acha sobre isso já conversaram? – Quis saber, me aconchego em seu peito, escutando as batidas do seu coração antes de responder. 

— Ah, você sabe como ele é, acha que não há necessidade de esconde-la, assim como queria que todos soubessem que estamos juntos, mas sempre diz que a decisão será minha, então…

— Então, faça o que você achar melhor! – Beijou meu cabelo. 

 Mudamos de assunto, Rodrigo me contou sobre como foram as entrevistas de promoção do seriado, como estava o clima da Espanha, as poucas atividades turísticas que fez até que eu adormeci. 

Uma semana depois:

 As malas prontas para a viagem do feriado, era sexta-feira e eu havia acabado de deixar Nine na escola e decidi passar no apartamento de Chay para que a Cristal pudesse se despedir dele e entregar o presente que preparei para ele. 

Como eu tinha uma cópia da chave, apenas abro a porta e entro, encontro sentado no sofá da sala olhando para o nada, caminhei até ele, tapei seus olhos com as mãos: 

— Adivinha quem é? 

— A minha sereia favorita, a minha pimentinha, a mulher que mais me abandona na face dessa terra. – Ele diz, em um tom muito dramático, me arrancando gargalhadas. 

— Nossa, como você é exagerado, Roobertchay! Eu estive aqui semana passada. – tirei as mãos dos seus olhos, me lembrando de arrastar o carrinho de Cristal para a frente do sofá.

— E depois me esqueceu completamente solitário nesta casa, sem você, sem minha bebêzinha e agora só vamos nos ver no ano que vem, isso não se faz, Melanie. – Reclamou, carregando nossa filha no colo. 

— Pensei que você já tivesse se conformado com isso…. – Revirei os olhos e suspirei. 

— Quem sabe se você ficar aqui um pouquinho e me der muitos beijos, eu não te perdoe? 

— E se eu te der um beijo e um presente e ir embora logo depois, você esquece isso ? – Beijei suas bochechas, pontinha do nariz e desci para a boca deixando ali um selinho rápido. 

Em seguida, peguei a caixinha que estava dentro da bolsa e entreguei para ele, depois de colocar Cristal de volta em seu carrinho, ela ficava bem quieta quando estávamos os três juntos.

— Uau, eu não acredito que você fez isso! É lindo! – Exclamou ao se deparar com relicário dourado, que guardava uma foto dele e da nossa bebêzinha adormecidos – Vou guardar comigo e levar para todo lado pra dar sorte. – Sorriu largo com os olhos cilitilando. 

 — Hum, não quer dizer que eu estou perdoada por te largar mais uma semaninha? – Mordo seu queixo. 

— sua sorte é que eu te amo, Melanie Fronckowiak, porque senão… – Declarou entre risos. 

De repente, eu fiquei paralisada, porque não sabia como reagir àquelas três palavras ditas pela primeira vez de um jeito tão natural, ainda mais quando meu coração batia tão acelerado denunciando que eu também sentia o mesmo.

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