Conto ToCar - O que os amigos fazem
Nota da autora: eu estava no Tumblr esses dias e encontrei esse desafio de escrita abaixo e ele resultou em um conto fofinho de ToCar que eu resolvi compartilhar com vocês:
Eu já estava de saco cheio de esconder meus sentimentos por acreditar que Carla não me levaria a sério. A maldita fama de pegador me perseguia, a garota deve ter escutado as piores coisas sobre mim por aí. Era a única explicação para ela ter me jogado na zona da amizade sem pensar duas vezes.
E até que me empenhei bastante na função de amigo: Fiz todos os trabalhos da escola em dupla com ela, apresentei meus amigos, já que ela era novata e não conhecia quase ninguém no internato, a levei ao se cinema, a incentivei a comer, o que era bem raro de acontecer, já que a menina aparentava ter algum distúrbio alimentar ou algo assim, passava horas ouvindo-a tagarelar sobre os romance de época que lia e a minha parte preferida assistindo-a dançar.
Sem perceber, o feitiço acabou virando contra o feiticeiro e eu sempre parti o coração das meninas por não querer saber de compromisso sério, me vi completamente apaixonado por uma garota que só me enxergava como o melhor amigo dela.
Mas, putz, seis meses tinham se passado e Carla não percebia que o que sentia por ela era mais do que amizade.
Então, decidi tomar coragem e contar, mandei um SMS para o celular dela pra ter certeza que ela estava acordada:
Ei Carlinha
Me encontre no jardim. (22:30)
Essa hora? Nesse frio? Você tá doido, Tomás? E se o diretor pega a gente? Eu sou bolsista não posso levar suspensão ( 22:31)
Bota um casaco e vai logo, eu prometo que é rápido, eu preciso falar uma coisa muito importante pra você, mas tem que ser pessoalmente! Relaxa, essa hora o diretor já deve estar no último sono (22:32)
Aí tudo bem, vou me vestir e já desço
( 22:33)
⌛⌛⌛
Corri para o jardim o mais rápido que pude, mas o que me tirou o fôlego foi vê-la caminhando em minha direção vestindo um vestido branco floral com detalhes azuis e por cima um moletom cinza felpudo que eu tinha dado de presente, a forma como os cabelos pretos estavam presos em um coque, mas uma mecha solitária insistia em entrar em seus olhos. Olhos castanhos, grandes, brilhantes, parecem até jabuticaba de tão escuros, os lábios finos e largos, que ultimamente eu só pensava em beijar.
— Então, Tomás, o que de tão urgente você tinha pra me contar que não podia esperar até amanhã de manhã? – Carla se aproximou sorrindo, me abraçando em seguida, mostrando que não tinha ficado tão brava quanto sua fala aparentava.
— Eu não podia esperar, porque talvez eu perdesse a coragem de te dizer o que meu coração quer que você saiba – Entrelacei seus dedos com os meus e percebi que sua mão estava gelada.
— E o que seu coração quer me contar? – as bochechas dela ficam avermelhadas quando ela me encara.
— Que só tem espaço pra você dentro dele. Eu penso em você o tempo inteiro, invento milhares de desculpas para estar por perto. Percebi esses dias, que quero ser mais do que seu amigo.
— Tomás, eu…. Não brinca comigo, por favor. – ela se afasta de mim bruscamente, como se eu tivesse uma doença contagiosa.
— Eu não tô brincando com você, eu acho que nunca falei tão sério em toda minha vida. Quer ouvir com todas as letras? – eu me aproximo novamente dela e dessa vez estou tão perto que consigo escutar até sua respiração desregulada.
— Ouvir o que? – seu peito subia e descia, os olhos estavam fixos em minha boca
— Eu tô completamente apaixonado por você e quero que seja minha namorada — Segurei seu queixo e ela fechou os olhos, beijei cada lado das suas bochechas,
— A gente é amigo, não devíamos ... — Carla começa mas, sua frase se perde quando encosto os lábios suavemente nos seus.
Seus lábios são doces e quentes como imaginei que fossem, se movendo lenta e delicadamente sob os meus. Com a mão livre, envolvo sua cintura para que fique mais próxima, se é que isso é possível, meu coração dispara ao sentir seus dedos enroscados nos fios nos meus cabelos.
Ficamos assim até que perdemos o fôlego.
— É isso que os amigos fazem? – Pergunto entre risos nervosos.
— Eu não sei, nunca tive um amigo que quisesse me beijar antes. – ela sorri visivelmente envergonhada.
— Está tudo bem se eu fizer isso? – digo, voltando a unir nossos lábios em um selinho rápido.
— Eu gosto, não pare, quer dizer, a gente vai ter que parar agorinha e voltar para os quartos. – Carla se afasta de mim rindo e começa a correr para dentro, eu também corro para a alcança-la.
Estamos parados, ofegantes já no topo da escada, cada um precisa seguir para o seu dormitório, então eu me despeço dela com um abraço e ela me faz o garoto mais feliz do mundo com apenas uma frase:
— Boa noite, namorado.
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