The Álbum - capitulo único - parte 2
Melanie Fabri / Carla Ferrer
Existem dias fáceis, outros mais difíceis e aqueles dias excepcionais em que sentimos que nossa vida está prestes a mudar para sempre. Eu tive essa sensação quatro vezes na vida:
A primeira vez foi em 2016, quando terminei com Tomás através de um áudio, eu sentia que minha vida nunca mais seria a mesma sem ele. E não foi mesmo, um mês depois, em uma festa, eu conheci Mattia e estava tão louca naquele dia que acabei grávida do homem que mal conhecia, em questão de meses, eu passei de uma estudante universitária qualquer pra mulher que carregava a segunda herdeira da escuderia Fabri no ventre, Mattia fazia de tudo que eu queria, era atencioso, carinhoso, realizava todos os meus desejos porque dizia que eu estava carregando seu bem mais precioso dentro de mim. Consegui lançar 4 dos meus escritos enquanto ainda me preparava para receber minha filha nos braços.
Mattia e eu nos casamos, porque ele tinha uma imagem a zelar e nossa filha precisava de uma família, era bom estar com ele, eu gostava dele, mas era meu ex- namorado que não me saia da mente, eu podia gostar muitíssimo do meu marido e ser grata a ele, sempre. Mas ama-lo, eu não conseguia, meu coração estava ocupado por Tomás há muitos anos.
Quando pensei em procurá-lo e dizer que estava arrependida pelo término, descobri a gravidez, meu lugar agora era com Mattia.
Com o passar dos anos, eu me tornei ainda mais próxima dele, eu me esforçava pra fingir estar apaixonado por ele, a medida que Nina crescia, o esforço foi ficando cada vez menor. Apesar de que, eu via em alguns trejeitos da minha filha: o modo de sorrir aberto, a facilidade em tocar instrumentos, a teimosia, tudo que eu amava em Tomás.
O que me leva a segunda vez que a minha vida mudou: quando segurei minha pequenina nos braços pela primeira vez, eu soube que a vida nunca mais seria a mesma. Tudo era luz e fazia sentido só porque Nina existia.
Em 2022, eu estava feliz e conformada com a vida que eu tinha, achava que nada mais podia mudar. E foi assim que eu acabei grávida pela segunda vez, porém, dessa vez, era um plano meu e de Mattia, estávamos radiantes com a chegada de Stella, com seus 5 anos, Nina também era pura empolgação. Nada poderia estragar nossa felicidade.
Até que nos chega a última surpresa, a mais desagradável, um dia depois do nascimento de Stella, Mattia ia nos visitar no hospital de bicicleta, no meio do caminho, um ônibus de turismo o atingiu! E foi assim que eu me tornei uma escritora viúva e reclusa com duas filhas menores pra criar. Seus irmãos Franco e Aléssio prometeram cuidar de mim e de tudo que pertencia às meninas, agora que o pai tinha partido tão cedo.
Mas eu estava afogada em tristeza, então, ao invés de permanecer em Óstia, onde morávamos desde que casamos, onde também ficava a sede da Fabri, eu resolvi fugir de volta pro Brasil.
Quando Nina acordou de manhã e veio direto para o meu colo dizendo:
— Mamãe, eu sonhei com meu papá, eu sinto muita saudade dele.
— E foi um sonho bom, filha?
— Foi, ele brincou comigo, falou que sempre vai proteger eu, você e a Stlelita, que está com saudades e desenhando um monte de carrinho lá do céu, mas eu queria que ele estivesse aqui.
— Sabe o que podemos fazer pra ficar mais perto do seu papá ? Tudo que ele gostava de fazer! Vejamos…– Sugeri, numa tentativa de tirar toda a dor de seu coraçãozinho.
– Papá gostava de construir carrinhos, ir à praia e fazer castelos comigo, comer pasta no almoço e pizza no jantar, de correr de madrugada, de olhar pro céu , levar ao parque e comprar brinquedo novo – Nina enumerou nos dedos
– Então hoje, vamos ao parque, à praia e olhar o céu, o resto a gente faz depois. — A abracei com força.
Em seguida, fomos para a cozinha, preparei a receita de panquecas com mirtilos e morango que Mattia costumava fazer aos fins de semana com a ajuda de Nina, ou seja, fizemos muita bagunça, comemos enquanto minha filha desenhava os carros que queria construir quando fosse ‘’ chefe ‘’ na Fabri exatamente como o pai era. (palavras dela, não minhas) Poucas horas depois, Stella acordou um pouco enjoada, o que me fez adaptar a ida praia pra uma horinha na piscina em casa mesmo.
A todo instante, eu sentia que algo importante ia acontecer, mas foi apenas no fim da tarde quando o sol estava se despedindo, eu andava com Stella no carrinho e Nina ao lado, andando de patins. Meu coração deu um salto, não podia ser que estava acontecendo de novo, no primeiro mês de término, quando ainda não estava grávida, eu o via em outros rostos, seu nome nas ruas, me esbarrava em homens parecidos , tinha certeza que ele estava ali, mas me enganava todas as vezes.
Conforme se aproximava, se tornava mais realista. Era como se Tomás estivesse, de fato, a cinco passos de mim. Seu cabelo estava maior, as pontas um pouquinho mais claras, os braços mais fortes e mais tatuados, eu reconheceria aqueles olhos e aquele sorriso em qualquer lugar do mundo.
— Mãe, olha, é o moço da música da Sereia. — Nina apontou pra ele.
Então eu não tive escapatória, eu teria que falar com Tomás depois de todos esses anos e fingir que aquilo não me afetava nem um pouquinho.
O que era uma mentira descarada, porque só a maneira como ele pronunciou meu nome antigo fez minhas pernas tremerem:
— Carla? É você? Não acredito que finalmente te encontrei.
Ele estava me procurando? Como ele me achou? Céus, tenho tantas perguntas.
— Mamãe, ele sabe seu primeiro nome, você conhece ele? — A voz da minha filha fez tudo girar ao contrário.
O que eu poderia dizer? Conheço, costumava ser o amor da minha vida, se você não tivesse nascido era com ele que eu teria me casado. Essa resposta provavelmente traumatizaria minha criança e eu a amava demais pra permitir que isso acontecesse. Trêmula da cabeça aos pés, tudo que eu disse foi:
— Conheço, conheci, éramos amigos antes…
— Sim, muito bons amigos! Não vai me apresentar sua filha, Carla? — Tomás tinha aquele maldito sorriso desafiador nos lábios e uma sobrancelha erguida.
— Tomás - Nina, Nina - Tomás, pronto estão apresentados — Minha voz saiu mais fina do que o planejado.
Para minha surpresa, minha filha, que costumava não ser receptiva com quem acabava de conhecer, aceitou um abraço de Tomás, assim que ele agachou pra ficar na altura dela.
— Então, qual era a música da Sereia que falou antes mesmo, Nina? — Ele pergunta depois de solta-la, quero cavar um buraco no chão e me esconder.
— Aquela assim: Nós dois como crianças, juntos a esperar o sol, nunca mais te esquecerei, você é a rainha e eu o Rei. Mamãe cantava todas as noites quando eu era bebê e não conseguia dormir. Ela faz a mesma coisa com a Stella!
— É mesmo? Que coisa legal! — ele sorriu e desviou o olhar pra mim — Eu fiz essa música pra alguém que eu amo muito…
Que boca grande essa garotinha têm, certamente que puxou ao Mattia, que deve estar se divertindo horrores com essa situação lá do céu, é assim que você vai me proteger, seu cretino? Mandando meu ex- namorado me atazanar?
— Tio, você quer jantar lá na minha casa?
— Não! — Sou eu quem respondo.
— Porque não ? É claro que eu posso ir, a não ser que seu marido não goste da minha presença lá. — Ele sorriu, gentilmente, estava tentando pescar uma informação.
Eu abri a boca pra mentir, mas Nina foi mais rápida que eu, ela riu, ela riu, vocês acreditam? E disse:
— Claro que não, tio, meu papai tá no céu e ele ia gostar muito de você.
— Filha, eu acho que o Tomás tem coisas mais importantes pra fazer do que….
— Não, não tenho nada pra fazer hoje,vamos, vai ser divertido, Carlinha! — Ele também riu, cerrei os olhos pra ele como quem diz “ não chame assim! “ E divertido o caramba.
De repente, estávamos os quatro caminhando para minha casa e aquele caminho parecia novo e assustador ao mesmo tempo que nunca me apareceu tão certo.
"se você não tivesse nascido era com ele que eu teria me casado" KKKKKKKKKKKKKK NÃO AGUENTEI
ResponderExcluirNina entregando horrores a mãe dela, simplesmente PERFEITAAA
ResponderExcluirO choque que eu levei quando li que a Carla era viúva
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