Capítulo 13 - Favorite Crime

Mel 🐝

 Um mês. 

Um mês se passou desde o nascimento da Cristal, eu estava feliz e exausta na mesma proporção, sabia que seria difícil cuidar de um bebê e de uma criança de cinco anos, que acabou ficando mais exigente e carente da minha atenção e afeto após a chegada da irmã, os choros das duas misturados dia e noite estão me deixando cada minuto mais desesperada e enlouquecida,sem contar a falta de horas de sono, nem entre um cochilo e outro da bebê ou quando ela ficava quietinha sendo amamentada, eu conseguia descansar. 

 Tenho certeza que, a qualquer momento minha cabeça pode explodir de tanta dor, mas o envelope que segurava nas mãos neste exato momento era o causador da minha agonia, não que precisasse ler o resultado daquele exame para saber a verdade, a cada dia passado Cristal fica mais parecida com seu pai. Eu ainda temia pelo que o meu casamento se tornaria depois disso, ele tem sido assustadoramente compreensivo e demonstrava amar o bebê, mas, será que mudaria algo se, por acaso, descobrisse que Cristal não é sua filha, pelo menos, não de forma biológica? Eu o conhecia bem o suficiente para conhecer a resposta daquela pergunta, mas o que me preocupava realmente, era se Rodrigo me amaria da mesma forma. 

 Neguei um segundo filho a ele diversas vezes e agora… eu tenho uma filha com outro homem por um pequeno acidente, sinceramente? Nem eu me perdoaria! 

 — Mel? Está pronta? O bolo acabou de chegar e o Chay também – Rodrigo entrou no quarto e em um reflexo extremamente rápido, escondi o envelope dentro de uma gaveta. 

Eu estava sem ânimo e sem vontade nenhuma de participar da pequena comemoração de mêsversário para Cristal, na minha cabeça não fazia sentido nenhum, ela passaria metade da noite dormindo e o mais importante: NÃO COME DOCES. 

 Antes de responder, eu corri para o closet em busca de uma vestido branco que fosse fácil de tirar, passei um pentinho no cabelo, um pó facial no rosto e um gloss nos lábios para disfarçar a minha cara de cansaço. 

Caminho vagarosamente de volta para o quarto, Rodrigo me vê e esboça um pequeno sorriso e vem até mim, envolvendo os braços ao redor da minha cintura e em seguida, gruda os lábios nos meus com suavidade. 

— Amo você – Ele sussurra com uma expressão tão serena e apaixonada no rosto que faz meu coração se apertar. 

 Céus, eu não o mereço nem um pouquinho que seja. 

 Um " eu também " quase inaudível sai da minha garganta e seguimos para sala e o que encontro é a mãe lendo um livro infantil para Nine e Maria sentadas no tapete, bem ao lado delas no sofá, Chay segurava Cristal em seus braços enquanto ela dormia tranquilamente. Ela parecia tão pequena e aconchegada com ele, meu coração se partiu em mil pedaços, porque eu sabia que não era justo continuar mentindo. 

 Sem esperar que Cristal, acordasse fizemos fotos ao redor do bolo temático no formato da pedra que lhe dava nome, branco com alguns detalhes azuis, a primeira foto obviamente foi minha, depois nós tentamos fazer uma foto da bebê com as meninas, mas deu muito certo, elas não paravam quietas e podiam acabar acordando a irmã, logo depois Chay inventou de tirar uma selfie com a neném e funcionou? Impressionante como ela ficava quietinha no colo dele, no instante em que Rodrigo a pegou Cristal ensaiou um choro. 

 

Depois disso, minha mãe se ofereceu pra colocar Nine na cama e acomodar Maria no quarto onde Chay sempre fica e fui colocar minha bebê no berço e pedi que os dois homens me esperassem no escritório. Passei no quarto e peguei o maldito envelope e os encontrei silenciosos e apreensivos. 

— Independente do que está escrito aqui, Cristal sempre terá dois pais, ela já os ama e se sente protegida com vocês, podemos achar alguma alternativa pra ela receber os três sobrenomes, não sei! Só não briguem e principalmente não me odeiem, eu realmente tinha tanta dúvida quanto vocês – Comecei a falar, sentindo um nó se formando na garganta. 

 — Não existe possibilidade de odiarmos você, Mel, relaxa aí, só abre logo isso! – Chay Gracejou e eu teria rido se não estivesse tão nervosa, o silêncio de Rodrigo só me fazia querer chorar e me esconder. 

 Estendi o envelope para Chay, porque não tinha coragem de abri-lo. 

 — É… 999,9 de compatibilidade comigo… Ela é nossa, Melzinha, Cristal é nossa filha! 

 Eu sempre soube e ele também, Chay vem me abraçar eufórico e neste segundo que meus olhos encontram os de Rodrigo com uma expressão esmagadora de decepção. Sem dizer nada, ele deixa o escritório, quero me desculpar, consola-lo de alguma forma,mas nada que eu diga ou faça mudará esse resultado. 

  Lágrimas grossas escorrem pelo meu rosto sem controle.

— Eu sempre soube, é só olhar pra ela e além disso, sabe aquele sinalzinho fofo que você tem atrás do dedão do pé? Cristal tem um idêntico. Eu só não queria partir o coração do Rod, mas não parecia justo esconder a verdade de você. 

— Só dê um tempinho a ele, certo? Deve ser difícil! Deus, eu tô tão feliz! Isso é bem mais do que eu sonhei! – Tentou me consolar, mas era nítido que ele não parava de sorrir. – Eu não sabia que você tinha reparado o meu sinalzinho. 

— Eu reparei cada detalhezinho isso, Roobertchay e por mais que seja difícil e até um pouquinho de admitir, me apaixonei por cada um deles. – Não consigo acreditar que essas palavras saíram da minha boca. 

De qualquer forma, tudo já estava desmoronando mesmo, eu não tinha nada a perder. Ele sorriu ainda mais largo, se é que é possível e me beijou de uma maneira intensa, um misto de paixão com um toque de fúria me atingiu.