parte 2 - abraço infinito ♾️

Mel 
Viajar, conhecer cada cantinho do mundo era uma das maiores paixões da minha vida, mas quase nada preenchia a minha alma com tanto amor quanto voltar pra casa e ser recebida pelas minhas filhas. Maya já estava com 10 anos, ela já não gostava de tanto colo, trocou o vício por colorir desenhos e unicórnios por ler livros de fantasia e maquiagem, a leitura da vez era a trilogia “ Princesa desastrada “ da Maidy Lacerda, ela me abraçou forte, começou a contar sobre como estava gostando da leitura, como foi a semana só com Chay e a irmã, aparentemente, os três bagunceiros sabem se virar muito bem sem mim; enquanto Maya não queria saber de colo, só queria meu ouvido pra tagarelar e tagarelar, Agnes com seus 3 anos era perfeito oposto, tudo que ela queria, era ficar no meu colo, seus pequenos bracinhos apertavam meu pescoço, como quem dizia que eu não deveria sair de perto dela nunca. 
 A surpresa que elas fizeram era um piquenique no jardim com tudo que elas amam comer, conversamos e rimos muito. 
— Mamãe, eu te amo tanto! – Agnes segurou meu rosto entre suas pequenas mãozinhas. 
— Mami,podemos ver um filme hoje? – Maya pediu, com um sorriso tão aberto quanto o meu. – Cadê meu pai? 
— Claro que podemos, o que você quer ver? Seu pai tá no banho, filha 
— Moana 1 & 2 – ela poderia crescer o quanto fosse, sempre amaria toda e qualquer princesa da Disney.
 Coloquei o primeiro filme pra começar, apesar do sofá da sala ser enorme, as duas crianças se amotoaram em cima de mim como dois filhotinhos de urso. Meia hora depois, Chay surgiu na sala, mas sua demora em aparecer não foi motivo de curiosidade porque ele trouxe pipoca doce e elas amam, se concentraram apenas em comer e ver o filme, me apertar pra ter certeza que eu tinha voltado.
 Como sempre, Maya e Agnes dormiram na metade do segundo filme, depois de colocá-las em seus respectivos, fomos para o nosso.
Então, eu me lembrei a quem as minhas filhas puxaram para serem tão grudentas. Chay. Sempre ele. 
  Ele me abraçou, me tirou do chão, enchendo todo meu rosto de beijos, descendo para o meu queixo e pescoço, sua barba fazia cócegas na minha pele. 
— Eu senti tanta saudade de você, Melzinha. 
— Eu te amo – contorno os detalhes do seu rosto com a ponta dos dedos, ele abre um sorriso tão lindo, quase me faz derreter. 
— Repete – Ele pede, seus olhos brilhando. 
— Eu te amo – Dessa vez,eu sussurro em seu ouvido, observando sua pele arrepiar. 
 Sempre nessas tardes onde nada muito extraordinário acontecia, só éramos nós em um raro momento de silêncio emaranhados num abraço onde não dava pra ver onde começava um e terminava o outro, que eu percebia o quanto eu o amava. Chay não era absolutamente nada parecido com tudo que eu sonhei pra mim, mas as vezes, a vida acaba surpreendendo a gente. Ele enchia tudo ao meu redor de cores, aquecia minhas noites, tornava os dias mais lentos, transformava minhas lágrimas em risadas em um segundo, na mesma proporção que me irritava com suas implicâncias, manias, a insegurança que aparecia do nada, as vezes, sério demais e em outras, mais criança que as próprias filhas. Era um grande esforço, mas eu amava todas as versões dele, mesmo que eu não falasse com tanta frequência. 
   Sem perceber, eu acabei dormindo também, acho que é isso que acontece quando nos sentimos seguros e felizes: sono. 

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